CFM Permite Perícia Remota Mas Proíbe ASO: A Medicina Ocupacional Está 10 Anos Atrasada?
Postado em: 02/12/2025
A Contradição que Ninguém Consegue Explicar
Imagine o seguinte cenário:
Um médico do INSS pode realizar uma perícia previdenciária — que define se um trabalhador receberá ou não um benefício por incapacidade — inteiramente por telemedicina. Câmera, microfone, análise de exames digitalizados. Tudo remoto. Tudo legal.
Agora, esse mesmo trabalhador precisa fazer um exame admissional para um cargo administrativo, sem riscos, onde ficará sentado respondendo e-mails.
Neste caso, o médico do trabalho não pode usar telemedicina. Precisa ser presencial.
A Resolução CFM 2.323/2022 proíbe a emissão de ASO por telemedicina. A justificativa? O exame físico seria “imprescindível”.
Mas se o exame físico não é indispensável em uma perícia que pode conceder benefícios vitalícios, por que seria obrigatório para um ASO de baixa complexidade?
A contradição é evidente — e está atrasando toda a medicina ocupacional brasileira.
O Custo Absurdo da Presencialidade Obrigatória
Para empresas com múltiplas unidades, a regra da presencialidade gera impacto direto em custos, prazos e operação.
Os principais prejuízos incluem:
- Deslocamento: Em cidades pequenas, funcionários precisam viajar para municípios maiores para realizar exames.
- Tempo produtivo perdido: Horas (ou dias) de trabalho desperdiçados em deslocamento e espera.
- Rede credenciada limitada: Em várias regiões do Brasil, simplesmente não há médicos do trabalho disponíveis.
- Atrasos operacionais: Contratações atrasam porque não há horários presenciais suficientes.
Para um funcionário totalmente remoto, que nunca pisará fisicamente na sede da empresa, a exigência soa ainda mais sem sentido.
O Que Especialistas Propõem Para Modernizar o Sistema
O debate sobre telemedicina ocupacional ganhou força em 2025. As propostas mais sólidas seguem o modelo de estratificação de risco, adotado internacionalmente:
Para funções de baixo risco
ASO por telemedicina para cargos administrativos, home office e qualquer função sem exposição a agentes nocivos.
Para exames periódicos simples
Quando não há mudança de função, nem novos riscos identificados, o exame poderia ser remoto, com análise de exames complementares recentes.
Presencial obrigatório
Para funções com riscos reais:
- trabalho em altura
- eletricidade
- espaço confinado
- exposição a agentes nocivos
- mudança de função com novos riscos
- casos clínicos que exigem exame físico detalhado
A lógica é simples: presencialidade quando necessário, telemedicina quando suficiente.
Os Argumentos Contra (E Por Que Alguns Não Se Sustentam)
Críticas à telemedicina ocupacional geralmente se apoiam em três pilares, mas a base científica deles vem sendo questionada.
“O exame físico é indispensável”
Sim — para funções de risco.
Mas qual o valor clínico de auscultar o coração de um programador em home office?
“Pode haver fraude”
O mesmo argumento se aplica a consultas médicas assistenciais — e a telemedicina é regulamentada e amplamente usada desde 2020. Há tecnologia eficaz de verificação de identidade.
“Desvaloriza o médico do trabalho”
Ao contrário:
Permite que o especialista foque em atividades estratégicas e avaliações complexas, e não em rotinas de baixo valor clínico.
O Que Pode Mudar em 2026
O tema chegou ao limite da tolerância regulatória. Há movimentação no:
- CFM
- Ministério do Trabalho (MTE)
- empresas de grande porte
- associações de SST
A pressão vem de todos os lados:
- Empresas querem redução de custos e processos mais ágeis.
- Trabalhadores remotos questionam deslocamentos desnecessários.
- Softwares de SST já oferecem soluções prontas para teleconsulta ocupacional.
- Comparativo internacional: EUA, Reino Unido e Austrália já permitem avaliações ocupacionais remotas em vários contextos.
2026 tem potencial para ser o ano de ruptura da medicina ocupacional no Brasil.
O Que Sua Empresa Pode Fazer Hoje (Enquanto Nada Mudou)
Mesmo sem mudanças regulatórias imediatas, existem estratégias inteligentes para otimizar custos e reduzir dor de cabeça:
- Rede credenciada ampla: Escolher um parceiro de SST com cobertura nacional reduz deslocamentos.
- Agendamento inteligente: Centralizar exames de cada região em datas específicas.
- Exames complementares prévios: Fazer laboratoriais e imagens antes da consulta presencial evita retrabalho.
- Periodicidade adequada: A NR-7 permite periódicos a cada 2 anos para trabalhadores sem riscos — muitas empresas fazem mais do que precisam.
Como a Climec Pode Ajudar
A Climec oferece medicina ocupacional com cobertura nacional, ideal para empresas com múltiplas unidades.
Nossos serviços incluem:
- gestão centralizada de exames ocupacionais
- rede credenciada presente em praticamente todo o Brasil
- agendamento inteligente para reduzir custos e tempo ocioso
- integração nativa com eSocial para envio automático de S-2220 e S-2240
- consultoria completa para adequação do PCMSO à realidade da sua operação
E acompanhamos de perto toda a discussão regulatória para oferecer telemedicina ocupacional assim que ela for liberada.
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