Perícia Médica em Processos Trabalhistas: Como Laudos Técnicos Protegem Sua Empresa em 2025
Postado em: 29/10/2025
                                     
Processos trabalhistas envolvendo questões de saúde e segurança do trabalho resultaram em condenações superiores a R$ 8,4 bilhões para empresas brasileiras em 2024, segundo dados do TST. A perícia médica é o elemento decisivo em 78% desses casos, determinando se há nexo causal entre atividade profissional e doença alegada pelo trabalhador.
Empresas que não conseguem apresentar documentação técnica robusta (LTCAT, PGR, PCMSO, laudos ergonômicos) enfrentam inversão do ônus da prova, presumindo-se verdadeiras as alegações do trabalhador. O custo médio de uma condenação por doença ocupacional alcançou R$ 187 mil em 2024 — valor que poderia ser evitado com gestão documental adequada.
O Que é Perícia Médica Trabalhista
Perícia médica trabalhista é o exame técnico realizado por médico nomeado pelo juiz (perito judicial) para esclarecer questões relacionadas à saúde do trabalhador. O perito avalia se existe doença ou lesão, se há nexo causal entre doença e atividade profissional, qual o grau de incapacidade laborativa e se houve negligência da empresa em medidas de proteção.
O laudo pericial é considerado prova técnica de alto valor probatório, frequentemente sendo determinante na decisão judicial. Embora o juiz não esteja obrigado a seguir conclusões periciais, dados mostram que em 82% dos casos a sentença acompanha o laudo do perito.
Principais Tipos de Ações com Perícia Médica
Ações de indenização por doença ocupacional buscam reparação por LER/DORT, perda auditiva (PAIR), doenças respiratórias, transtornos mentais relacionados ao trabalho (burnout, depressão) e outros agravos ocupacionais. O trabalhador alega que condições de trabalho causaram ou agravaram doença, requerendo indenização por danos morais e materiais, pensão vitalícia em caso de incapacidade permanente e reembolso de despesas médicas.
Ações de insalubridade e periculosidade questionam se atividade é insalubre ou perigosa, se empresa pagou adicional devido e qual percentual correto. A perícia técnica avalia exposição a agentes nocivos, condições ambientais de trabalho e adequação de medidas de proteção.
Pedidos de aposentadoria especial exigem comprovação de exposição a agentes nocivos que justifiquem redução do tempo de contribuição. A perícia analisa LTCAT e PPP apresentados, condições reais de trabalho durante carreira e se documentação está correta conforme legislação previdenciária.
Ações de acidente de trabalho investigam nexo causal entre acidente e trabalho, culpa ou negligência da empresa e extensão de danos físicos e psicológicos.
O Papel dos Laudos Técnicos na Defesa da Empresa
Laudos técnicos são a principal defesa empresarial em perícias. O LTCAT (Laudo Técnico das Condições Ambientais do Trabalho) identifica e quantifica agentes nocivos, demonstra medidas de controle implementadas, fundamenta concessão ou não de aposentadoria especial e serve como prova de gestão adequada de riscos.
O PGR (Programa de Gerenciamento de Riscos) apresenta inventário completo de riscos, evidencia hierarquia de controles adotada, documenta treinamentos e conscientização e comprova gerenciamento ativo de SST.
O PCMSO (Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional) registra exames periódicos realizados, demonstra monitoramento da saúde dos trabalhadores, identifica precocemente alterações de saúde e comprova acompanhamento médico adequado.
Laudos ergonômicos (AET) analisam postos de trabalho e identificam riscos ergonômicos, recomendam adaptações implementadas e demonstram adequação às exigências da NR-17.
Laudos de insalubridade e periculosidade quantificam exposição a agentes nocivos, justificam pagamento ou não de adicionais e evidenciam conformidade legal.
Como Laudos Técnicos Influenciam o Laudo Pericial
O perito judicial baseia suas conclusões em documentação apresentada pelas partes, inspeção no local de trabalho, exame clínico do trabalhador e análise técnica de agentes de risco. Quando a empresa apresenta laudos técnicos completos e atualizados, o perito pode concluir que empresa cumpriu obrigações legais, riscos estavam controlados dentro de limites legais, medidas de proteção eram adequadas e não há nexo causal entre doença e trabalho.
Quando a empresa não apresenta laudos ou apresenta documentação deficiente, o perito presume que não havia gestão adequada de riscos, trabalhador estava exposto sem proteção, empresa negligenciou obrigações legais e há nexo causal entre doença e trabalho.
Estudos mostram que empresas com documentação técnica completa têm taxa de improcedência de ações 4,3 vezes maior que empresas sem documentação adequada.
Documentação Essencial para Perícias
Além dos laudos técnicos, a empresa deve apresentar registros de treinamentos com assinaturas e conteúdo programático, fichas de entrega de EPI com assinatura do trabalhador, laudos de manutenção e calibração de equipamentos, atas de reuniões da CIPA e registros de inspeções, ordens de serviço sobre riscos e medidas de proteção, exames médicos ocupacionais do trabalhador (quando autorizado) e investigações de acidentes ou incidentes ocorridos.
A ausência de qualquer documento pode ser interpretada como falha da empresa em cumprir obrigações. Tribunais trabalhistas aplicam o princípio in dubio pro operario (na dúvida, decide-se a favor do trabalhador) quando documentação é insuficiente.
Erros Comuns Que Prejudicam a Defesa
Laudos desatualizados ou genéricos são frequentes. Laudos com mais de 2 anos sem revisão, descrições genéricas sem especificar setor ou função e ausência de medidas de controle implementadas comprometem a defesa.
A falta de assinaturas e responsáveis técnicos invalida documentos. LTCAT e PGR devem ser assinados por engenheiro de segurança ou médico do trabalho com registro profissional válido. PCMSO deve ser assinado por médico coordenador do programa. Ausência de ART ou CRM torna documentos sem valor probatório.
Inconsistências entre documentos, como LTCAT afirmando ausência de insalubridade mas empresa pagando adicional, PGR não mencionando riscos que constam em CATs emitidas ou PCMSO sem exames específicos para riscos identificados no PGR, levantam dúvidas sobre veracidade da documentação.
Não arquivar documentação histórica é grave. Trabalhador pode processar empresa anos após desligamento. Empresas devem manter laudos, exames e registros por no mínimo 20 anos após encerramento de contrato.
O Processo de Perícia Judicial
O processo inicia com solicitação judicial quando o juiz determina realização de perícia ao entender que questão exige conhecimento técnico especializado. É nomeado perito judicial escolhido pelo juiz de lista de profissionais habilitados. Partes podem indicar assistentes técnicos, sendo o médico do trabalho da empresa frequentemente designado assistente técnico da empresa.
O perito elabora quesitos (perguntas técnicas) apresentados por ambas as partes que o perito deve responder no laudo. A empresa deve elaborar quesitos focados em comprovar gestão adequada de riscos, ausência de nexo causal e cumprimento de legislação.
Segue-se inspeção no local de trabalho, quando o perito visita instalações, observa condições reais, fotografa ambientes e equipamentos e entrevista trabalhadores e gestores. A empresa deve disponibilizar toda documentação técnica, facilitar acesso aos locais de trabalho e designar responsável técnico para acompanhar perito.
O exame do trabalhador é realizado pelo perito através de consulta médica, análise de exames complementares e avaliação de capacidade laborativa.
Após investigação, o perito elabora laudo técnico respondendo quesitos, concluindo sobre nexo causal e incapacidade, e fundamentando tecnicamente suas conclusões. Assistentes técnicos podem apresentar pareceres divergentes caso discordem do laudo pericial.
Finalmente, o juiz utiliza laudo como base para sentença, podendo determinar perícia complementar se necessário e decidindo sobre procedência ou não do pedido.
Estratégias para Fortalecer a Defesa
Mantenha documentação atualizada realizando revisão anual de PGR e PCMSO, atualização de LTCAT quando há mudanças de processo e arquivamento organizado e digitalizado de documentos.
Invista em gestão preventiva através de treinamentos periódicos e documentados, fornecimento e controle rigoroso de EPIs, inspeções regulares e correção de não conformidades, investigação de acidentes e quase-acidentes e programas de promoção da saúde.
Quando notificado de processo judicial, contrate assistente técnico médico experiente imediatamente, organize toda documentação técnica antecipadamente, elabore quesitos técnicos robustos e acompanhe todas as etapas da perícia.
Nunca omita informações ou apresente documentos falsos. Perícia pode identificar adulterações através de análise técnica aprofundada, inconsistências entre documentos e testemunhos e verificação de registros oficiais (CREA, CRM, eSocial). A apresentação de documento falso configura crime e agrava condenação.
Custos de Condenações vs. Prevenção
Uma condenação média por doença ocupacional inclui indenização por danos morais (R$ 30 mil a R$ 150 mil), indenização por danos materiais (despesas médicas, lucros cessantes), pensão mensal em casos de incapacidade permanente (pode chegar a R$ 2 milhões no total), adicional de insalubridade retroativo (até 5 anos) e honorários periciais e advocatícios.
O custo de prevenção inclui elaboração e manutenção de laudos técnicos (investimento anual de R$ 5 mil a R$ 30 mil conforme porte), gestão de SST estruturada (treinamentos, EPIs, inspeções) e exames ocupacionais periódicos.
O ROI (retorno sobre investimento) em prevenção é comprovado: cada R$ 1 investido em SST evita em média R$ 4 em custos com processos trabalhistas, segundo dados da OIT.
Mudanças na Legislação e Jurisprudência 2025
A NR-1 atualizada em 2025 ampliou escopo de riscos psicossociais, exigindo inclusão no PGR. Perícias passaram a avaliar também estresse, assédio e pressão por metas como fatores de risco ocupacional.
Tribunais aumentaram rigor na análise de documentação técnica, rejeitando laudos genéricos ou desatualizados, exigindo comprovação efetiva de implementação de medidas e aplicando multas mais severas em casos de negligência comprovada.
A caracterização de burnout como doença ocupacional foi facilitada pela OMS, resultando em aumento de 94% em ações relacionadas a transtornos mentais no trabalho desde 2023.
Como a Climec Pode Ajudar
A Climec oferece suporte completo para proteção jurídica em perícias e processos trabalhistas, incluindo elaboração de LTCAT atualizado conforme legislação vigente, PGR e PCMSO completos e implementados de forma efetiva, laudos ergonômicos (AET) para postos de trabalho críticos, avaliações de insalubridade e periculosidade com fundamentação técnica, assessoria em processos trabalhistas com indicação de assistentes técnicos qualificados e revisão de documentação existente para identificar vulnerabilidades.
Com equipe técnica de médicos e engenheiros especializados, a Climec atua há mais de 40 anos defendendo empresas em perícias judiciais e fornecendo documentação técnica que resiste ao mais rigoroso escrutínio pericial.
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