NR-1 Adiada para 2026: As Empresas Ganharam Tempo ou Estão Apenas Adiando o Inevitável?
Postado em: 02/12/2025
Em abril de 2025, o Ministério do Trabalho anunciou a prorrogação do prazo para inclusão obrigatória dos riscos psicossociais no PGR. A data saiu de maio de 2025 para maio de 2026.
Empresários respiraram aliviados. Gestores de RH ganharam mais um ano.
E os 472 mil trabalhadores afastados por transtornos mentais em 2024? Continuam esperando.
O número não é erro de digitação: 472.328 afastamentos por saúde mental em um único ano. Um aumento de 68% em relação a 2023. Comparado ao período pré-pandemia, o crescimento passa de 400%.
Esses não são números abstratos — são pessoas que pararam de produzir porque o ambiente de trabalho adoeceu.
O Que Realmente Mudou com a Portaria MTE 765/2025
A prorrogação não veio sozinha. A Portaria MTE 765/2025 definiu que o primeiro ano de fiscalização (maio/2025 a maio/2026) será “educativo”.
Traduzindo para a prática:
- Os auditores vão verificar se sua empresa está se preparando.
- Haverá orientação e cobrança de evidências de implementação.
- As multas tendem a ser aplicadas somente após esse período.
Ou seja, é um período de adaptação, não um salvo-conduto para ignorar a lei.
Ponto crucial para gestores e diretores:
A obrigação de gerenciar riscos psicossociais não foi adiada. A NR-1 já exige que todos os riscos ocupacionais sejam identificados e controlados — incluindo os psicossociais.
O que mudou foi apenas o prazo para adequação formal e fiscalização punitiva.
Os Números de Saúde Mental que Deveriam Tirar Seu Sono
Antes de a sua empresa decidir “esperar para ver”, olhe estes dados:
- Perfil dos afastados: cerca de 64% são mulheres, idade média de 41 anos — justamente a faixa etária de maior produtividade.
- Custo médio por afastamento: considerando substituição temporária, queda de produtividade e possível ação trabalhista, cada caso de burnout pode custar em média R$ 50 mil para a empresa.
- Processos trabalhistas por burnout: foram registradas 5.248 ações apenas nos primeiros quatro meses de 2025, um crescimento de 14,5% em relação ao mesmo período de 2024.
- Indenização média: cerca de R$ 368.900 por processo. Agora multiplique esse valor pelo número de colaboradores em risco na sua operação.
Adiar a adequação à NR-1 não reduz custo. Apenas empurra um passivo cada vez maior para o futuro — com juros financeiros, jurídicos e humanos.
A Armadilha da “Indústria do Risco Psicossocial”
O próprio MTE já alertou sobre o crescimento de soluções oportunistas voltadas a riscos psicossociais. São:
- questionários genéricos prontos em planilhas,
- laudos “de gaveta” sem análise aprofundada,
- relatórios extensos, mas desconectados do PGR e da realidade da empresa.
Esse tipo de material não se sustenta em uma auditoria séria e não reduz risco real.
Gestão de riscos psicossociais de verdade exige:
- metodologia validada e adequada ao setor da empresa;
- integração com o PGR já existente;
- leitura dos resultados à luz da operação real;
- plano de ação prático, com responsáveis, prazos e indicadores;
- acompanhamento contínuo (não apenas um diagnóstico anual).
Por Que Esperar Vai Custar Mais Caro
Empresas que começam a adequação agora ganham vantagem competitiva em quatro frentes:
- Diagnóstico real, sem pressa Identificar fatores de risco psicossocial específicos do seu ambiente leva meses, não semanas. Pressa de última hora aumenta a chance de erros e soluções superficiais.
- Implementação gradual de mudanças organizacionais Ajuste de metas, revisão de processos, gestão de lideranças e comunicação interna não se transformam por decreto. É preciso planejamento e tempo de maturação.
- Documentação robusta para a fiscalização Quando a fiscalização deixar de ser educativa e passar a ser punitiva, sua empresa terá histórico de monitoramento e ações concretas, demonstrando comprometimento genuíno com a NR-1.
- Redução de passivos trabalhistas Cada mês com riscos psicossociais ignorados é um mês a mais de exposição a acidentes, adoecimento, afastamentos e ações judiciais.
Já as empresas que deixarem tudo para última hora tendem a enfrentar:
- consultores sobrecarregados,
- preços inflacionados,
- soluções “padrão” que não se encaixam no negócio,
- e o risco real de não conseguir se adequar a tempo.
Setores que Devem Ser Fiscalizados Primeiro
O MTE já sinalizou prioridades para a fiscalização após o período educativo. Alguns setores aparecem recorrentemente como de alto risco psicossocial:
- Teleatendimento e call centers Metas agressivas, monitoramento constante, cobrança intensa por produtividade e alta rotatividade criam um cenário clássico para adoecimento mental.
- Instituições financeiras Bancos, fintechs e seguradoras concentram denúncias de assédio moral, metas inalcançáveis e cultura de pressão por resultado a qualquer custo.
- Saúde Hospitais, clínicas e serviços de saúde vivem um cenário de burnout elevado desde a pandemia, com jornadas extensas e exposição contínua a sofrimento humano.
Se a sua empresa está em algum desses segmentos, a prorrogação até 2026 é ainda menos motivo para relaxar.
O Que Fazer Agora: Roteiro Prático de Adequação
Passo 1 – Diagnóstico inicial de riscos psicossociais
- Identifique fatores psicossociais presentes na rotina: carga de trabalho, autonomia, apoio da liderança, clima organizacional, metas, conflitos e etc.
- Use referenciais técnicos, como o Guia de Informações sobre Fatores de Riscos Psicossociais do MTE.
- Priorize áreas, cargos ou unidades com maior índice de absenteísmo, afastamentos e rotatividade.
Passo 2 – Integração dos riscos psicossociais ao PGR
- Inclua os riscos identificados de forma formal no Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR).
- Defina a metodologia de avaliação (matriz de risco, critérios de probabilidade e severidade).
- Estruture medidas de controle claras: ajustes de jornada, revisão de metas, treinamentos de lideranças, canais de apoio etc.
Passo 3 – Adequação do PCMSO para saúde mental
- Atualize o PCMSO para contemplar trabalhadores expostos a riscos psicossociais significativos.
- Inclua protocolos de avaliação da saúde mental, acompanhamento periódico e encaminhamentos quando necessário.
- Integre informações de saúde ocupacional com dados de RH (absenteísmo, afastamentos e readaptações).
Passo 4 – Monitoramento contínuo e indicadores
- Defina indicadores objetivos, como:
- taxa de absenteísmo por motivos de saúde,
- número de afastamentos por transtornos mentais,
- rotatividade em áreas críticas,
- registro de queixas internas ou conflitos.
- Revise periodicamente os resultados e ajuste as ações do PGR e do PCMSO conforme necessário.
Como a
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Nossa abordagem inclui:
- Diagnóstico estruturado de riscos psicossociais com metodologia validada;
- Integração completa ao PGR já existente na empresa;
- Adequação do PCMSO para monitoramento de saúde mental dos trabalhadores expostos;
- Acompanhamento contínuo até a conformidade total, com revisão periódica de indicadores.
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